“Minha mãe! Poderosa!”
Foi assim, aos gritos, que meu filho caçula me recepcionou num dia de visita aos trabalhinhos que realizou na escola.
Sou extremamente tímida e quis me enfiar num buraco, enquanto meu pequeno me puxava pelo braço para mostrar aos colegas quem é que estava ali.
A vida podia parar nessa cena, e eu teria confiança eterna.
Dois anos antes, eu estava gravando um áudio para meu marido:
“Não sei o que fazer! Não consigo respirar! Me ajuda!!”
Crise de ansiedade.
O peito parece carregar uma tonelada.
O ar não entra. Você se sente sufocado dentro de si.
Corri para o banheiro, fechei a porta para meus filhos não verem.
Chorei feito criança, fiz uma concha com as mãos e tentei controlar a respiração.
Voltei à vida.
Nessa fase, a incompetência corria nas veias.
Se fosse um filme, era aquele momento em que parece que não tem mais saída.
O mocinho está no fundo do poço e você começa a pensar:
“Putz, é daqueles filmes que não têm final feliz.”
A diferença é que, no filme, você pode pausar e deixar na memória o final que gostaria.
Sou assim com o "Ponte para Terabítia".
Mas, na vida real, não dá pra pausar. Nem buscar spoiler para fugir da dor que o “durante” traz.
A gente tem que passar pelo processo.
Quem diz “Aproveite a jornada!” esqueceu que tem jornada que é uma MERDA.
Como se aproveita isso?
Você só suporta.
Você não faz o melhor, faz o possível.
Hoje, tudo parece mais tranquilo.
Vida resolvida, ou quase isso.
"Mãe poderosa."
Poxa... como eu queria ter tido esse spoiler dois anos atrás.
Talvez eu tivesse sido aquele mocinho que enfrenta o caos com coragem e não o anti-herói que você nem entende como é que deu certo.
Depois que passa, é fácil dizer:
“Tudo aconteceu como deveria acontecer.”
Mas, na hora da dor,
a gente só quer um pouco de ar para tentar sobreviver.
Aquela nota entre amigos:
Há um ano que não tenho mais crises de ansiedade.
A terapia e o artesanal foram responsáveis por isso.
Hoje, o mundo cai e eu penso:
“Faço cerâmica fria ou bordado?”
Enquanto não sou a heroína que salva o mundo,
sou a anti-heroína que consegue respirar.
Alguém aqui se identifica com isso?
Vejo vocês daqui quinze dias.
Até lá!